A Rota

Na sua travessia pela província de Zamora, o Douro banha três regiões demarcadas, onde se produzem vinhos com personalidades tão distintas como as paisagens onde crescem.

Dos solos planos e arenosos de Toro sai um vinho de alta graduação e forte caráter que se tem vindo a impor entre os melhores e mais exclusivos. A sul de Zamora, a Tierra del Vino revela na própria toponímia a atividade que, durante longos séculos, foi motor da economia. Salvas da filoxera, resistem ainda muitas vinhas velhas, que produzem um néctar encorpado, excelente para acompanhar os pratos de vitela e cabrito, típicos da região.

Nos Arribes, a região vinícola e o Parque Natural estendem-se ao longo de impressionantes desfiladeiros de granito, com as vinhas a agarrarem-se a socalcos, num cenário de grande beleza.

Ao viajante, aguarda-o um território recheado de monumentos sublimes, igrejas românicas e tradições seculares.

Nos monumentos dispersos pelas ruas de traçado medieval, Toro conserva ainda o esplendor do burgo que chegou a ser capital de Castela e importante centro de ordens militares e religiosas. Antes de avançar para as terras onde cresce o vinho da região demarcada de Toro, vale a pena conhecer o centro da cidade, que alberga joias como o magnífico portal do Palácio de las Leyes, a emblemática Torre do Relógio, as igrejas em estilo românico-mudéjar de San Lorenzo el Real e San Salvador de los Caballeros, ou os mosteiros de Santa Clara e de Sancti Spiritus.

É obrigatória uma paragem na Plaza Mayor, para provar as tapas dos bares que se acolhem sob as galerias, antes de partir ao encontro de numerosos palácios e da imponente Colegiata de Santa Maria la Mayor, onde não se pode deixar de admirar a policromada Puerta de la Majestade e a pintura flamenga La Virgem de la Mosca. A poucos minutos dali, fica a adega Rejadorada, em cujas instalações subterrâneas podemos aprender mais sobre a história dos vinhos da região.

Em Toro, a tradição vinícola alia-se à tauromaquia, nas festas de San Agustín, realizadas em finais de agosto. A Fuente del Vino é um festejo muito popular, em que um barril cheio de vinho é colocado no centro da praça de touros, guardado por vários animais. Temerários, os mais jovens tentam iludir os touros enquanto tentam encher as canecas. Durante a Festa da Vindima, recriam-se costumes antigos, com o desfile de carros de bois, enquanto que as mesas dos restaurantes apresentam o “cabrito cuchifrito” ou o bacalhau “al ajo arriero”, pratos típicos da gastronomia local.

Partindo pela N-122 vamos encontrar, pouco depois, Morales de Toro, onde está situado o Museu do Vinho. A exposição de objetos, maquinaria diversa e projeções vídeo estende-se por uma grande área, incluindo os jardins que albergam as peças de maior dimensão. A visita inclui a oferta de um copo de vinho e pode ser completada com um percurso pelas Adegas Pagos del Rey, proprietária das instalações. O périplo pela região demarcada de Toro leva-nos através de um mar de vinhedos e de povoações de grande tradição vitivinícola, como San Román de Hornija, Villabuena del Puente e La Bóveda de Toro, onde as adegas nos proporcionam momentos de descanso e de aprendizagem, com almoços temáticos e breves cursos sobre vinhos. Continuando por El Pego, Venialbo e Sanzoles chegamos a Peleagonzalo, onde Valbusenda combina adegas, restaurante, hotel e spa, para proporcionar ao viajante uma experiência de descanso e prazer.

Em Zamora, história, arte, animação e excelente gastronomia concentram-se num centro compacto, que vê o Douro a deslizar-lhe aos pés. A cidade oferece bons momentos a todos os viajantes, tanto os que gostam de usufruir dos espaços verdes – relaxando nos parques ou percorrendo a ciclovia ao longo das margens do rio – como os que preferem apreciar a sua riqueza monumental: a “capital do românico” conta com 23 templos construídos entre os séculos XI e XIII, com destaque para a majestosa catedral, as igrejas de La Magdalena e San Juan, e a fachada ricamente esculpida de San Cláudio de Olivares. Dispersos por ruas e praças há também uma grande quantidade de edifícios Arte Nova, que tornam Zamora numa uma das paragens essenciais da Rota Europeia do Modernismo. Vários museus e percursos guiados pelos bares onde se servem tapas inigualáveis completam a oferta de uma cidade que, a sul, vê o território apelidar-se de Tierra del Vino, designação única em toda a Espanha.

É pelas estradas desta região demarcada que a rota continua, pela N-630, em direção a Morales del Vino para se dirigir a El Perdigón, cuja fama se deve às adegas subterrâneas, agora transformadas em castiças tabernas. Logo a seguir, em Villanueva de Campeán sobram as ruínas do Convento de San Francisco de Soto, que conserva o portal renascentista. Rodeando adegas de produção vitivinícola, algumas das quais se podem visitar, encontram-se a maior concentração de vinhas velhas de Espanha – o efeito da filoxera quase não se fez sentir nesta comarca. Passando por Corrales del Vino, com uma igreja românica do século XIII, continuamos para El Cubo de Tierra del Vino, onde a Via da Prata, do Caminho de Santiago, entra em terras zamoranas. Pela ZA-602 seguimos para Fuentesaúco. Esta vila, conhecida pela produção de grão-de-bico de grande qualidade, conta com duas interessantes igrejas: a de Santa Maria del Castillo e a San Juan Bautista. Regressando a Zamora pela CL-605, recomenda-se uma paragem em Arnecillas para admirar, na igreja de Nuestra Señora de la Asunción, a coleção de catorze pinturas hispano-flamengas do século XV.

Seguindo pela CL-527, despedimo-nos das águas tranquilas do Douro para o voltar a encontrar em Fermoselle, agora a deslizar num profundo canhão fluvial. Usufruindo do microclima clima mediterrânico, o vinho da região demarcada dos Arribes é cultivado em socalcos, entre oliveiras e amendoeiras. O resultado é um panorama de grande beleza, em que o turismo enológico se cruza com usufruto da natureza no Parque Natural dos Arribes del Duero, que acompanha o rio no seu percurso internacional. Ao subir pelas ruas íngremes que levam ao centro, classificado como Conjunto Histórico Artístico, tomaremos atenção às entradas das adegas particulares que formam um labirinto sob o solo da cidade, também chamada “das mil adegas”. Entre elas, inclui-se Ocellum Durii, cujas instalações podem ser visitadas com reserva antecipada. Nos arredores, a Hacienda Unamuno combina alojamento de requinte com refeições gourmet, servidas com o vinho produzido na extensa propriedade.

De Fermoselle passamos por Trabanca, antes de chegar a Villarino de los Aires, para espreitar a paisagem do miradouro de la Faya. Poucos quilómetros depois, encontramos Pereña de la Ribera, rodeada de vinhas centenárias. Daqui acede-se ao miradouro com vista para o Pozo de los Humos, cascata com 50 metros de altura. A viagem prossegue por Masueco e Corporario, até chegar a Aldeadávila de la Ribera, onde se pode embarcar num cruzeiro entre as arribas até à albufeira de Aldeadávila, impressionante obra de engenharia. Descansar na praia del Rostro ou fazer percursos pedestres até aos miradouros Picón de Felipe e del Fraile, empoleirados em falésias com mais 400 metros de desnível, são outras atividades disponíveis para o viajante, que daqui poderá seguir para a monumental cidade de Salamanca, continuar o percurso ao longo do Parque Natural ou entrar em Portugal através da Barragem de Saucelle.

Itinerário

Itinerário 2 dias – Ribera del Duero e Toro

Conheça as mais emblemáticas regiões demarcadas de Castela e Leão. Descubra a beleza dos seus monumentos, visite as adegas mais reputadas e experimente os pratos regionais em companhia de néctares com carácter.

Dia 1

Hora Actividade
09:00 Aranda de Duero
Visita ao Centro de Interpretação da Arquitetura do Vinho e Adega de las Ánimas
Partida para Peñafiel (via Roa)
12:00 Visita às Adegas Protos (com prova de vinhos)
14:00 Almoço em Peñafiel
Passeio pelo centro histórico de Peñafiel
16:30 Visita ao Museu do Vinho e Castelo de Peñafiel
18:00 Partida para Toro

Alojamento em Toro

Dia 2

Hora Actividade
10:00 Toro
Passeio pelo centro histórico e Colegiata de Santa María la Mayor
Visita às adegas subterrâneas Rejadorada
Partida para adegas Divina Proporción (a 2 kms de Toro, direção Fuentesaúco)
13:30 Visita às adegas (com provas de vinhos)
14:15 Almoço nas adegas Divina Proporción
Partida para Zamora
Passeio pelo centro histórico de Zamora

Extensão do roteiro (Aranda de Duero/Zamora): 200 km

Notas:

  • Época ideal: Primavera ou outono. O mês de Setembro é excelente, para quem quiser ver as vindimas.
  • No caso de grupos é necessária a reserva antecipada para a visita às adegas e museus mencionados.

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Fotos

  • Zamora_Toro1
    Zamora_Toro2
    Zamora_Toro3

 

 

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