Turismo Vale do Douro

Esta rota inicia-se na vertente oriental da Ribeira Duero, pelas bucólicas paisagens da província de Soria, salpicadas de aldeias medievais e castelos lendários. San Esteban de Gormaz, encontra-se no cruzamento de vários percursos que tornam esta localidade um excelente ponto de partida para explorar a região. Ao Caminho do Cid, Caminho de Santiago e Rota do Românico de Soria (sobressaem aqui as belas igrejas de San Miguel e de Nuestra Señora del Rivero) junta-se o Caminho do Vinho que nos leva a conhecer lugares extraordinários, através de colinas cobertas de vinhas, onde por vezes desponta a silhueta de um pombal.

Gormaz surpreende-nos com o seu imponente castelo, de origem muçulmana, que várias vezes mudou de mãos nas lutas entre os seguidores de Cristo e do Islão. Em Montejo de Tiermes deparamo-nos com a “Pompeia espanhola”, extensas escavações arqueológicas que desvendam 35 séculos de ocupação ininterrupta. As ruínas de um castelo templário e a igreja românica de Nuestra Señora de la Asunción dão-nos as boas-vindas em Castillejo de Robledo, terra de vinhos afamados e de forte tradição cinegética, que se juntam em excelente gastronomia. Em Langa de Duero vale a pena conhecer os lagares agora recuperados para utilização durante as vindimas, assim como visitar as Adegas Valdeviñas, tanto para provar o vinho ali produzido como para passear pelos seus vinhedos antigos.

Prosseguindo pela N-122, teremos paragem obrigatória em La Vid, para admirar o magnífico Mosteiro de Nuestra Señora de la Vid, que deve o seu nome a uma figura da Virgem encontrada nas vinhas das cercanias. Em frente ao monumento, as Adegas El Lagar de Isilla proporcionam visitas e provas de vinhos, assim como restaurante e hotel enológico. A partir daqui, vale a pena conhecer Peñaranda de Duero, pequena povoação que conserva o traçado medieval nas ruas estreitas vigiadas por um dos castelos mais impressionantes da província de Burgos. A Plaza Mayor acolhe a Colegiata de Santa Ana, o palácio renascentista de Avellaneda e o pelourinho gótico. É também de assinalar a Farmácia Ximeno, a mais antiga de Espanha, aberta ao público desde finais do século XVII e que mantém uma grande coleção de objetos utilizados no ofício.

Por estradas secundária que cruzam vinhedos, seguimos para Gumiel de Izán, passando por Baños de Valdearados, onde se encontra a Vila Romana de Santa Cruz (aberta em julho, agosto e setembro) que apresenta notáveis mosaicos datados dos séculos V e IV a.C., com destaque para um grande painel dedicado a Baco. Para celebrar as suas raízes romanas, em finais de agosto a aldeia celebra uma festa dedicada ao deus do vinho. Chegados a Gumiel de Izán não podemos deixar de nos surpreender com a Igreja de Santa Maria e a sua sublime fachada gótica. Aqui podemos ter a sensação de viajar no tempo, visitando Renalterra – uma adega subterrânea do século XIV situada na Plaza Mayor -, para pouco depois entrar nas Adegas Portia, edifício vanguardista desenhado por Norman Foster, onde um restaurante permite aliar a prova de vinhos à gastronomia local.

A quinze minutos dali fica Aranda de Duero, cidade com uma longa tradição vitivinícola. Prova disso são as inúmeras adegas centenárias que se estendem pelo seu subsolo, cuja temperatura e humidade proporcionam condições ideais para armazenar o vinho. Algumas adegas construídas entre os séculos XIII e XVIII foram recuperadas, totalizando sete quilómetros de um labirinto de túneis e galerias acessíveis aos visitantes. Esse mundo fascinante pode ser descoberto no Centro de Interpretação da Arquitetura do Vinho, que incluí a descida à Adega de las Ánimas.

À superfície, os restaurantes da cidade servem o prato forte da região – cordeiro assado em forno a lenha, que no mês de junho ganha ainda maior protagonismo, durante as jornadas gastronómicas. Em março leva-se a cabo o “Concurso de Tapas e Pinchos”, onde são apresentadas as melhores criações de cada estabelecimento. Mas as riquezas da urbe não se esgotam à mesa: não se pode deixar de admirar a Igreja de Santa Maria la Real – um dos melhores exemplos do gótico isabelino de toda a Espanha, com uma maravilhosa fachada retábulo do século XVI – e a Igreja de San Juan Bautista, que alberga o Museu de Arte Sacra. Os amantes de natureza podem depois seguir para Montejo de la Vega de la Serrezuela, porta de entrada do Parque Natural Gargantas do Rio Ríaza, onde altos desfiladeiros servem de refúgio a um grande número de abutres.

O destino seguinte é Roa, onde está instalada a Sede do Conselho Regulador da Denominação de Origem Ribera del Duero, num edifício de arquitetura premiada pela simplicidade e integração na paisagem. De relevo é também a Igreja de Nuestra Señora de la Asunción e os restos da muralha medieval. Sendo o vinho o motor da sua economia, a povoação está rodeada de quintas vinhateiras, que proporcionam experiências durante as vindimas ou acolhem os visitantes em restaurantes e hotéis intimistas, como o Raíz de Guzmán, em cuja propriedade são elaborados queijos artesanais.

Seguimos agora para Peñafiel, cuja silhueta é marcada pelo sobranceiro castelo. No seu interior, o Museu Provincial do Vinho mostra-nos a história, cultura e costumes desde sempre associados à bebida. Situadas aos pés da fortaleza, as emblemáticas Adegas Protos, projetadas pelo arquiteto Richard Rogers, são já uma marca distintiva da cidade. Outros locais a não perder são o Convento de San Pablo, obra-prima do gótico-mudéjar, a Igreja de Santa Clara, cujas instalações conventuais foram convertidas num hotel-spa, e o Museu de Arte Sacra, instalado na Igreja de Santa Maria. Criada na Idade Média para albergar festejos taurinos, a curiosa Praça del Coso mantém bonitas casas com varandas em madeira.

A viagem continua para Pesquera de Duero, onde se ergue o Cotarro de San Pedro, uma colina de ladeiras apinhadas com adegas e lagares subterrâneos, naquele que é considerado um museu ao ar livre de arquitetura popular. Cerca de dez quilómetros depois, Valbuena de Duero orgulha-se de albergar as ilustres Adegas Vega Sicília e o Mosteiro de Santa María de Valbuena, sede de Las Edades del Hombre, fundação que visa a promoção do património religioso de Castela e Leão.
No final da rota, a estrada prossegue entre vinhedos e pequenas matas de pinheiro-manso. Chegados a Quintanilla de Onésimo, não faltam argumentos para continuar a desfrutar da Ribera del Duero. Sejam as provas de vinhos nas Adegas Viña Mayor, o relaxante spa do hotel Arzuaga, ou bucólicos passeios pedestres, percorrendo os bosques, entre aromas de tomilho e rosmaninho.

Dia 1

Alojamento em Aranda de Duero

Dia 2

Extensão do roteiro (Aranda de Duero/ Peñafiel): 111 km

Notas:

• Época ideal: Primavera ou outono. O mês de Setembro é excelente, para quem quiser ver as vindimas.
• No caso de grupos é necessária a reserva antecipada para a visita às adegas e museus mencionados.