A Rota

O Douro entre Arribas

Não há outro local onde o Douro seja mais selvagem do que no seu troço internacional, onde corre durante 120 quilómetros entre os desfiladeiros mais profundos da Península. As arribas são o último reduto de aves raras e ameaçadas como a águia-de-Bonelli, o abutre-do-Egito e a cegonha-negra, que aproveitam as escarpas inacessíveis para nidificar. Estradas que serpenteiam entre bosques de zimbros e oliveiras transportam-nos até cais onde podemos embarcar numa viagem até esse mundo de pedra e silêncio.

Lá em cima, entre o voo das aves, há miradouros de cortar a respiração, pelos vastos panoramas que alcançam, em que as agrestes penedias são suavizadas pela beleza delicada da flora que ali prospera.
Se as margens são abruptas, no extenso planalto circundante os declives pouco acentuados são ocupados por searas de trigo e prados verdejantes, onde os rebanhos se alimentam. Aí, trilhos de terra batida e estradas pouco frequentadas ligam aldeias onde subsistem costumes e sabores antigos, que julgávamos perdidos.

Há inúmeras possibilidades de conhecer este território – uma das maiores áreas protegidas da Europa – formado pelos parques naturais do Douro Internacional e dos Arribes del Duero. Caminhos ancestrais podem ser percorridos a pé, em BTT, a cavalo ou nos plácidos burros que só existem nesta região. Saídas de observação de aves, com guias especializados, permitem-nos descobrir o mundo alado, enquanto que os cruzeiros no rio e passeios de canoa ou de caiaque nos trazem rente à água, com os olhos postos nos céus.

O percurso inicia-se em Miranda do Douro, cidade situada perto do limite norte do Parque Natural do Douro Internacional. Após percorrer as ruas do centro histórico, onde por vezes ainda se ouve falar mirandês – segunda língua oficial de Portugal -, podemos embarcar no cruzeiro ambiental, ao longo de um dos mais impressionantes troços do Douro. E depois escolher os caminhos vicinais que nos levam (de automóvel, a pé, em BTT) até ao miradouro de S. João das Arribas, junto a Aldeia Nova, para uma primeira visão do profundo canhão fluvial que se estende para sul.

Esta viagem também segue para sul, entre aldeias tradicionais e prados rodeados de freixos. É muito provável que aí se depare com cegonhas a debicar o solo ou distinga um milhafre-real a pairar sobre uma seara. Junto à aldeia de Picote, aproxime-se da Fraga do Puio, miradouro com uma vista magnífica sobre o rio. Se estiver atento, poderá avistar as gralhas-de-bico-vermelho que povoam as encostas. Com tempo, fazemos um desvio para Atenor, local de saída para vários percursos pedestres tendo o burro mirandês como companhia.

Seguimos então para Bemposta, seja para fazer um pequeno passeio até à cascata da Faia da Água Alta ou para descer até ao cais, lugar de saída de um barco com capacidade para pequenos grupos (mediante reserva), ideal para observar os ninhos que as cegonhas-pretas constroem nas arribas.

Segue-se Mogadouro, capital dos cogumelos, que podem ser provados à mesa de um restaurante da cidade ou descobertos nos pinhais e bosques das redondezas, com a ajuda de um guia local. Prosseguimos devagar, apreciando a paisagem de colinas suaves, até Freixo de Espada à Cinta. Aí não faltam atividades, que nos podem entreter durante várias horas ou dias, desde a canoagem entre as barragens de Saucelle e de Aldeadávila, ao descanso junto à praia fluvial da Congida, que é também local de embarque para um cruzeiro que viaja até à localidade espanhola de Mieza. A sul da vila situa-se o Penedo Durão, miradouro de onde se abarca as extensas planuras da província de Salamanca e observatório privilegiado de aves magníficas como o grifo e o abutre-do-Egito. Quem gosta de andar a pé, não deve perder o circuito da Calçada de Alpajares.

Em Barca de Alva, o rio termina o seu percurso internacional, entrando em Portugal rumo à foz. Esta viagem atravessa a fronteira, agora apreciando o Douro desde as terras de Castela e Leão.

A partir de Barca de Alva temos várias alternativas: continuar para Figueira de Castelo Rodrigo, percorrendo, a partir daí, a reserva privada da Faia Brava, santuário da avifauna situado junto ao rio Águeda; visitar as gravuras rupestres do Parque Arqueológico do Vale do Côa; ou ainda descer o Douro num dos inúmeros barcos de cruzeiro que atravessam as paisagens emblemáticas do Douro Vinhateiro, num passeio até à Régua, onde se chega no final do dia.

A primeira paragem é em Hinojosa de Duero, um dos pontos de partida do GR14 – trilho pedestre de longo curso que percorre todo o Parque Natural dos Arribes del Duero -, mas também de inúmeros trilhos de BTT, devidamente assinalados.

De Hinojosa de Duero podemos continuar para sul visitando, em Sobradillo, a Casa do Parque de los Arribes, para aí saber mais sobre a fauna e a flora da região. Um pouco mais a sul, situa-se o Sítio Arqueológico de Siega Verde, com vários núcleos de arte rupestre na margem do rio Águeda. Continuando na rota dos locais classificados pela UNESCO, vale a pena visitar a monumental cidade de Salamanca.

A partir daqui, a estrada passa por Salto de Saucelle, povoação ribeirinha cujas casas foram transformadas em hotéis e alojamento rural. Mais acima encontra-se Saucelle. Dali partem caminhos rurais que dão acesso a mais alguns miradouros com vistas estupendas, como o de Las Janas, de onde se avista o desfiladeiro do rio Huebra que, em saltos e quedas d’água, corre a precipitar-se no Douro. Este é outro dos sítios favoráveis à observação das aves mais emblemáticas da região como a águia-de-Bonelli e a cegonha-negra. Em automóvel, pode ainda descer-se até ao Puerto de la Molinera, para daí aceder ao miradouro do Cachón de Camaces, uma das cascatas mais grandiosas dos Arribes del Duero.

Segue-se Barruecopardo, ponto de partida da conhecida Rota do Huebra, percurso pedestre e de BTT que segue junto ao rio com o mesmo nome.

Aldeadávila de la Ribera destaca-se pelos seus monumentos medievais e pela Praia del Rostro, um areal artificial que proporciona agradáveis momentos de lazer. Daí pode fazer-se um cruzeiro num barco com teto de vidro, para melhor observar as arribas, até à Barragem de Aldeadávila, ou alugar uma canoa para navegar ao longo das margens. Em alternativa, podemos calcorrear os caminhos que levam a vários miradouros de vistas assombrosas, com destaque para o Picón de Felipe e o miradouro del Fraile, onde não é invulgar avistar grifos ou águias-reais, as aves mais majestosas do Parque Natural.

Na etapa seguinte, Masueco, encontramos o famoso Pozo de los Humos, cascata com 50 metros de altura, que pode ser melhor apreciada entre os meses de novembro e maio, quando o caudal do rio Uces é mais poderoso.

Atravessamos o maior bosque de carvalho-cerquinho dos arribes, antes de chegar a Fermoselle, povoação altaneira rodeada de vinhas e olivais, classificada como conjunto histórico-artístico. Aconselha-se uma visita à Casa do Parque dos Arribes del Duero, para saber mais sobre os valores e recursos deste espaço protegido. De Fermoselle partem dois trilhos que vale a pena calcorrear: em direção às margens do rio Tormes, de exuberante vegetação ribeirinha, e até Pinilla, para avistar o Douro em renovadas perspetivas.

Fariza é igualmente ponto de saída de vários percursos pedestres, como o da Peña del Aguila que nos conduz até ao maior bosque de zimbros da província de Zamora, ou aquele que nos leva ao miradouro de las Barrancas, um dos melhores locais da área para observar as rapinas que nidificam nas arribas.

A partir daqui regressamos a Miranda do Douro para completar o circuito, ou prosseguimos em direção a Zamora, cidade que tem o Douro aos pés e nele se reflete.

Itinerário

Itinerário 1 dia – Parque Natural do Douro Internacional

Admire a paisagem e o voo de águias e abutres, a partir dos mais espetaculares miradouros da margem portuguesa do Douro, navegue o rio num cruzeiro ambiental, e termine o dia a percorrer uma via medieval, de grande beleza cénica e importância geológica.

Hora Actividad
09:00 Miranda do Douro – Cruzeiro ambiental (2 horas)
Aldeia de Picote – Miradouro da Fraga do Puio
13:00 Almoço em Mogadouro
15:30 Freixo de Espada à Cinta – Miradouro de Penedo Durão
Percurso pedestre na Calçada de Alpajares, entre a aldeia de Poiares e a foz da Ribeira do Mosteiro (3,5 km)

Extensão do roteiro (Miranda do Douro/Freixo de Espada à Cinta): 122 km

Notas:

  • Época ideal: Primavera ou outono. No verão, as altas temperaturas da região podem tornar mais penosos os passeios pedestres
  • Na Calçada de Alpajares, o autocarro deixará os viajantes na aldeia de Poiares para as recolher junto à foz da Ribeira do Mosteiro, evitando que tenham de fazer o percurso circular, com o dobro da extensão.

Itinerário 1 dia – Parque Natural Arribes del Duero

Conheça os cenários mais emblemáticos do Parque Natural Arribes del Duero, dos bosques ribeirinhos que ladeiam o rio Tormes aos fabulosos miradouros de onde se avista o Douro. A partir de um barco com teto em vidro, observe as aves que nidificam nas arribas.

Hora Actividad
09:00 Fermoselle – Saída para passeio pedestre até ao rio Tormes (7 km)
Visita à Casa do Parque dos Arribes del Duero
14:00 Almoço em Aldeadávila
Miradouro del Fraile e caminhada até ao Miradouro del Picón del Felipe (2 km)
Cruzeiro no rio Douro

Extensão do roteiro (Fermoselle / Aldeadávila de la Ribera): 44 km

Notas:

  • Época ideal: Primavera ou outono. No verão, as altas temperaturas da região podem tornar mais penosos os passeios pedestres

2 dias – Douro /Duero entre as arribas

Descubra uma das maiores áreas protegidas da Europa, o Douro no seu troço mais belo e mais selvagem, com miradouros onde se avistam paisagens de cortar a respiração. Percorra as estradas rurais de ambos os lados da fronteira, prove as amêndoas e as laranjas que crescem num clima surpreendentemente ameno. Venha calcorrear caminhos antigos e veredas frescas e navegar no rio que corre entre as arribas.

Dia 1

Hora Actividad
09:00 Miranda do Douro – Cruzeiro ambiental (2 horas)
Aldeia de Picote – Miradouro da Fraga do Puio
13:00 Almoço em Mogadouro
15:30 Freixo de Espada à Cinta – Miradouro de Penedo Durão
Percurso pedestre na Calçada de Alpajares, entre a aldeia de Poiares e a foz da Ribeira do Mosteiro (3,5 km)

Alojamento em Salto de Saucelle (Espanha)

Dia 2

Hora Actividad
09:00 Saída para Saucelle
Saucelle – Caminhada até ao Miradouro de Las Janas – (3 km)
Aldeadávila – Miradouro del Fraile
Masueco – Miradouro do Pozo del los Humos
14:00 Almoço em Aldeadávila
16:30 Fermoselle – Passeio pedestre entre Fermoselle e o rio Tormes (7 km)

Extensão do roteiro (Miranda do Douro / Fermoselle): 222 km

Notas:

  • Época ideal: Primavera ou outono.
  • Na Calçada de Alpajares, o autocarro deixará os viajantes na aldeia de Poiares para as recolher junto à foz da Ribeira do Mosteiro, evitando que tenham de fazer o percurso circular, com o dobro da extensão. O mesmo acontece em Fermoselle, na caminhada até o Rio Tormes.

Itinerário 2 dias – Douro, Águeda e Côa

Neste fim de semana ativo descubra os segredos do troço internacional do rio Douro e dos seus afluentes Águeda e Côa. Espreite os miradouros mais fantásticos, percorra a via medieval da Calçada de Alpajares, siga o guia que lhe dará a conhecer a Reserva da Faia Brava, santuário da avifauna, e deslumbre-se com as paisagens onde surgiram as gravuras rupestres do Côa.

Dia 1

Hora Actividad
09:00 Miranda do Douro – Cruzeiro ambiental (2 horas)
Aldeia de Picote – Miradouro da Fraga do Puio
13:00 Almoço em Mogadouro
15:30 Freixo de Espada à Cinta – Miradouro de Penedo Durão
Percurso pedestre na Calçada de Alpajares, entre a aldeia de Poiares e a foz da Ribeira do Mosteiro (3,5 km)

Alojamento em Barca de Alva ou em Figueira de Castelo Rodrigo

Dia 2

Hora Actividad
08:30 Reserva da Faia Brava – Caminhada orientada entre Vale de Afonsinho e Algodres
13:30 Almoço em Castelo Melhor
Visita às gravuras do Côa – Núcleo da Penascosa. Em alternativa, visita ao Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa

Extensão do itinerário (Miranda do Douro/Vila Nova de Foz Côa): 210 km

Notas:

  • Época ideal: Primavera ou outono. No verão, as altas temperaturas da região podem tornar mais penosos os passeios pedestres
  • Na Calçada de Alpajares, o autocarro deixará os viajantes na aldeia de Poiares para as recolher junto à foz da Ribeira do Mosteiro, evitando que tenham de fazer o percurso circular, com o dobro da extensão.
  • Reserva da Faia Brava: a visita guiada na Reserva da Faia Brava tem de ser marcada com alguma antecedência, tal como as visitas às gravuras do Côa.

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